Para entendermos um pouco mais sobre as ideias de Luckesi referente a
avaliação escolar, retiramos um trecho da entrevista dada por ele na revista
Nova Escola.
Como é feita, hoje, a avaliação de aprendizagem escolar?
A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de
avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao
contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade
duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será
aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes
sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-pedagógico,
é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do
professor e no sistema de ensino, não em quem aprende.
Que métodos devem ser usados?
A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma
intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante
será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e habilidades
necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar
um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos e
por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação
entre o professor e o estudante.
Disponível
em: (http://www.ensinar-aprender.com.br/)
De que forma a preparação do currículo influi nesse processo?
O currículo tem de distinguir e prever o que é essencial. O que for
ampliação cultural deve ser abordado apenas se houver tempo. Muitas vezes o que
ocorre é uma distorção: tomar o livro didático como roteiro de aulas e
considerar essencial o que está ali como ilustração, curiosidade,
entretenimento.
O uso de notas e conceitos pode servir a um projeto de avaliação eficaz?
Notas ou conceitos têm por objetivo registrar os resultados da aprendizagem do
aluno por uma determinada escola. Eles expressam o testemunho do educador ou da
educadora de que aquele estudante foi acompanhado por ele ou ela na disciplina
sob sua responsabilidade. O registro é necessário. Afinal, nossa memória viva
não é capaz de reter tantos dados relativos a um estudante, quanto mais de muitos,
e por anos a fio. O que ocorreu historicamente é que notas ou conceitos
passaram a ser a própria avaliação, o que é uma distorção. Se os registros
tiverem por objetivo observar o processo de aprendizagem de cada aluno e sua consequente
reorientação, eles subsidiam uma avaliação formativa. Mas não se esses
registros representarem apenas classificações sucessivas do estudante.
Como avaliar o modo particular como cada um aprende? É possível um
atendimento tão individualizado?
Existe uma fantasia de que, quando se fala de uma avaliação eficiente, estamos
nos referindo ao atendimento de três ou quatro estudantes por vez. Mas os
instrumentos de coleta de dados ampliam a capacidade de observar do professor.
Se eu aplico uma avaliação para 40 alunos, não há mudança do ponto de vista da
qualidade. Cada um vai manifestar sua aprendizagem por meio do instrumento
escolhido. Avaliação não precisa ser por observação direta, mas por
instrumentos como teste, questionário, redação, monografia, participação em uma
tarefa, diálogo. Em uma classe numerosa, não posso usar entrevistas de meia
hora para cada aluno. Vou produzir questionários de perguntas fechadas e
trabalhar mais de perto com quem não tiver um desempenho satisfatório.
Para ter acesso a
entrevista completa entre no link abaixo:
Acesso em 13 de outubro de 2014
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