(Disponível
em:http://rotadosconcursos.com.br/questoes-de-concursos/pedagogia-planejamento-de-ensino/493190)
A maioria das avaliações traz embutida a finalidade de identificar falhas de percurso para traçar estratégias capazes de melhorar a qualidade do ensino. Mas isso, frequentemente, fica só na intenção. Em primeiro lugar porque ocorrem tropeços na implementação. Um deles: o Brasil não tem um currículo único, detalhado e obrigatório - e, não raro, as redes adotam um sistema próprio de verificação sem antes elaborar seu documento oficial. O resultado é uma confusão no meio de campo: se os mesmos conteúdos não são ensinados a todos os alunos, como checar a aprendizagem deles em larga escala?
Quando a avaliação é feita no fim do primeiro e do segundo segmentos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, essa dissonância é discreta porque há certo consenso sobre o que os estudantes devem saber ao concluir essas fases. Se ela for realizada no meio das etapas, no entanto, as discrepâncias entre o que já foi ensinado e o que é testado podem ser mais incisivas. Isso porque não há concordância entre os educadores sobre a distribuição dos elementos curriculares pelos anos e, assim, cada escola trabalha com temas diferentes.
Outro ponto a destacar: persiste na opinião pública e entre alguns gestores expectativa equivocada de que a simples divulgação de rankings leva à mudança da prática. Um desempenho ruim dos alunos pode até servir como alerta, mas o contra -ataque não é automático. Em geral, docentes e gestores não compreendem o que significam os números referentes à sua rede ou escola - e muito menos conseguem decidir, sozinhos, como reverter o quadro.
Para garantir
o aperfeiçoamento constante das práticas em sala de aula, é necessário que a
rede ofereça um trabalho de esclarecimento sobre os resultados das sondagens e,
mais do que isso, tenha uma política consistente e permanente de formação
continuada em serviço para os gestores e os professores. Somente atribuir a
culpa por rendimentos baixos aos educadores não é frutífero nem justo. Quanto
mais dominarem os conteúdos e as didáticas referentes às disciplinas que
lecionam, maiores são as chances de avanço dos alunos. Mas outros fatores
entram na equação. Contam o tamanho da turma (quanto maior, pior), o tipo de
material didático disponível, a existência de um currículo, o fato de a escola
estar ou não em área de vulnerabilidade e o perfil do alunado - já que a
bagagem trazida de casa interfere na aprendizagem.
Por fim, ainda que os processos de avaliação externa possam se sofisticar, a ponto de permitir que a cadeia medição-reflexão-ação sempre se complete, é preciso ter cautela para não reduzir o conceito de qualidade da Educação Básica. Afinal, ter proficiência em disciplinas-chave não é tudo o que se espera dos estudantes formados. A concepção de Educação é ampla - e as metas do país devem ser cada vez mais ambiciosas.
Referência:
Não basta
apenas avaliar, avaliar, avaliar... Disponível em:http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/nao-basta-apenas-avaliar-avaliar-avaliar-647762.shtml.
Acesso em 26/10/2014
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